10 November 2008

A cidade que nunca dorme

Julgam que só em Portugal é que o pobre cidadão tem que se chatear com a pequena vigarisse? Pois então, aqui vai uma históriazinha elucidativa.

Este vosso escriba foi enviado para Nova Iorque por motivos profissionais. Uma vez chegado ao seu destino, constatou que se tinha esquecido de levar o adaptador que lhe permitiria ligar os carregadores do telemóvel, do computador e do iPod às tomadas que se usam lá pelas américas. Pois bem, depois de se ter insultado a si próprio dez vezes, lá recuperou o bom humor e saíu para a rua com o objectivo de comprar uma dessas pecinhas de plástico que resolvem o problema.

Na primeira loja em que entrou, explicou ao que ia. O cromo que atendeu (chamo-lhe apenas cromo para não ser politicamente incorrecto) fez um ar entendido e disse que um simples adaptador não chegava. Tinha que comprar, também, um transformador. Como sou camurso, mas não sou estúpido, agradeci e vim-me embora.

Procurei outra loja. Entrei e fiz o mesmo pedido. O cromo que atendeu (chamo-lhe apenas cromo para não ser politicamente incorrecto) foi a uma prateleira por detrás do balcão e sacou de um adaptador, sim, mas daqueles que permitem ligar fichas de todo o mundo, desde as chinesas às coreanas e outras mais.

Eu expliquei que não precisava daquilo, apenas de um adaptador que permitisse ligar as fichas de formato português às tomadas em uso nos Estados Unidos. O cromo não se comoveu, disse que só tinha aquelas, mais caras, obviamente, não hesitando em mentir quando na prateleira onde tinha ido buscar aquela estavam à vista os modelos simples e baratos que eu pretendia adquirir.

Agradeci e vim embora. Lembrei-me que talvez no hotel me vendessem uma coisa daquelas. E assim foi. Paguei 10 dólares por uma peça que, na loja anterior, me queriam impingir por 40. Quanto ao preço do transformador, completamente desnecessário, nem perguntei.

Nesta história, restaram-me dois consolos. Um, evidente, pelo facto de não me ter deixado enganar. Outro, por ter saído das duas lojas com a sensação do dever cumprido: enquanto virava costas e seguia em direcção à rua despedi-me em bom português, insultando as mãezinhas dos dois cromos. He, he, he... Ah, e chamo-lhes "cromos" para não ser politicamente incorrecto.

1 comment:

Zumbi said...

Esses senhores devem ter ascendência portuguesa