26 May 2010

(senhora acabada de acordar)

- estou?

(eu) - estou sim? .. er.. bom dia.. estou a falar para a Câmara Municipal de Lisboa?

- sim.

- ah ok. bom dia! eu estou a ligar porque precisava de saber algumas informações acerca das obras que estão a ser realizadas ali no aterro de santos. no vosso site não encontro qualquer informação disponível.

- mmhr.. isso é obras mmhr...

- ?

- está bem hmr..?

- desculpe?

- isso é departamento de obras mhr.. zzzzz...

- ah mas eu não estou interessado nas obras em si, eu estou interessado no plano que lhes deu origem. não estou a ligar para a DDU?

- sim.

- pois, eu até já fiz um contacto há uns tempos para a DMPU e disseram-me que isto seria com o vosso departamento. entretanto começaram as obras.

- ehrmm.. mas não mmr, não... isso é melhor ligar para outro sítio..

- para outro sítio? mas que sítio?

- espere, eu dou-lhe aqui um número mhrmm... ahmmm.. é o mesmo número... volte a ligar para este número mmm..

- e volto a falar consigo! eheh

- aah pois, não... mas isso fui eu que puxei a chamada.. ligue outra vez hhmmm..

- ?? e não me pode passar a alguém aí que me saiba responder?

- espere, vou-lhe dar outro número. este... 21 798 9063

- ouça, esse é o número da DMPU, já lhe disse que eles me deram o vosso. até já tive uma reunião com eles.

- aahmmm.. mas é lá.. é lá... mmhr...

- desculpe lá, diga-me o seu nome. não posso andar aqui a fazer de bola de ping pong, vocês têm que comunicar entre os departamentos. por isso diga-me o seu nome se faz favor, para eu o referir quando voltar agora a ligar para eles.

- Tu-Tu-Tu-Tu-Tu-Tu-Tu-Tu-...

12 May 2010

a chávenas tantas..

(ai que trocadilho tão engraçado)


eu até gosto de jantar em tascas, ou restaurantes mais rascas, daqueles que servem sobretudo almoços mas fazem uma perninha ao jantar, mais vazios, mas igualmente oleosos para gáudio dos grupos de bêbados adolescentó-trintões às sextas e sábados. eu próprio atinjo o clímax com uma "alheira de caça" (por oposição certamente à alheira de plástico) e um tinto da casa em jarro de barro, com um travo azedo.

na hora do café, e depois de um doce da avó Olá, sou sempre surpreendido com o sabor a bagaço que virtualmente todas as chávenas de café em todas as tascas de Lisboa têm.

ora, eu gosto de café, por isso pedi, mas não gosto de bagaço, daí não ter pedido. às vezes até gosto dos empregados e não sei se de facto eles meteram um cheirinho no meu café ("uma atençãozinha aqui do chefe") ou se simplesmente não lavaram as chávenas, o que me parece muito mais provável.

resumindo, o mais certo é eu estar a beber café de uma chávena, apenas mergulhada na água fétida e parada de lavar atrás do fogão, cujo utilizador anterior era um bêbado de bigode e barba por fazer com o nariz vermelho e as unhas pretas junto ao sabugo (provavelmente de coçar o cu) e ainda me sinto constrangido de dizer qualquer coisa ao empregado porque ele provavelmente terá feito de propósito.

trabalhar a assertividade, já me dizia o psiquiatra.

06 January 2010

Empregada e meia

A minha empregada deixou de cá vir durante uns tempos porque estava grávida. Essa ausência levou o meu palácio até perto da derrocada, devido ao lixo acumulado entre o 1º e 3º pisos.

Agora está de volta, mas com uma ajudante de 40cm, que na prática só chora e mama, o que é extremamente confortável para todos, eu aqui na sala ao lado da minha empregada com a mama de fora.

Quando ela vai aspirar ali para dentro eu fico na sala a trabalhar com a inês por companhia, até que ela começa a chorar e eu tenho que ir ali pegá-la ao colo. Mostro-lhe a rua, o gato, o meu dedo, e tudo isto ela tenta meter na boca. Quando se acalma deito-a e ela simpaticamente deixa-me voltar ao meu posto de trabalho e só depois de me sentar ela volta a chorar. Tipo alarme de carro avariado, o tom, a cadência, a frequência, o eco. Então levanto-me e mostro-lhe a rua, o gato, o meu dedo (outro dedo, tento variar para ela não se fartar). Ela também tenta variar, às vezes vomita-me na camisola, outras vezes na mão.

Este podia ser um post para o Cambada de Fofinhos, mas a minha dor de cabeça não o permite.

04 November 2009

Pró Natal, a minha prenda eu quero que seja...

Não, não é a minha agenda. Mas o DMail recomenda, como presente de Natal para os amigos, um magnífico conjunto de 3 rolinhos de papel higiénico decorado, para levar na mala! É a primeira vez que vejo e estou maravilhada.

Neste Natal, eu não quero ser amiga dos clientes DMail.

(Vá, amigos, não matem o cambada!)

21 July 2009

Quisstô êmóciônáda

Quisstô apáixônáda
Quêsstamor é tão grândi
Quisstô apáixônáda
E penso em txi a tôdi’nstantxe
Eiii lárá êrôô
Hmmmm láráa êrôôô

Simara casa-se com Sebastião

09 July 2009

Obras pela calada


E pela calada, lá fizeram umas obritas no terreiro do paço. Agora sim! Uma faixa para cada lado, aos esses e aos ziguezagues. Tão estreita que os pilaretes foram ceifados no minuto zero pelos pesados que por lá circularam. Agora sim! Vastos passeios para os milhares de pessoas que por lá circulam e horas de filas para quem não tem hipóteses e se vê obrigado a passar por ali de automóvel.
Ninguém pensou que se tivessem avançado o cais das colunas uns três ou quatro metros poderiam ter mantido a via dupla, desta vez a direito, e ao mesmo tempo permitiam a passagem dos peões de um modo seguro pelos passeios junto aos torreões, principalmente o torreão do lado do cais do sodré?
Ó Costa, por mim mereces saltar do poleiro pela sacanice do acto.

23 June 2009

Etiqueta

vim de férias, sítios do costume que vou manter em segredo por paparazzi reasons e para aquilo não se encher de plebeus.

mas estava eu a jantar num restaurante very picturesque onde vou há uns 7 anos, numa mesa de bancos corridos ao lado de uma família de suíços bidonville (segundo a minha babe emigrante muito entendida nos cantões), a quem eu sorri e cumprimentei e agradeci quando o restauranteiro ali me sentou e que retribuiram um sorriso amarelo de dentes pretos (sorriso abelha maia), para passados 10 minutos começarem a falar em cantonês alemão, a olhar para nós e a rir-se de comida na boca, que nem Feios Porcos e Maus a matar o pai.

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peguei em duas mancheias de tramoços e atirei ao ar fazendo uma menos séptica chuva dourada sobre todos nós, nos cabelos sujos de sal e volumosos, nos pratos cheios, nos copos gigantes de weissbier, nos biquinis lassos das mulheres da mesa, no rego do pai de família que estava exposto, na cabeçorra do bebé de colo que também se estava a rir de nós, o porco, e agora já sabíamos todos do que nos estávamos a rir. tirei um tremoço da orelha e comemorámos com um brinde a Babel. ou Basel, já não tenho a certeza.