18 June 2008

Então aqui vai, prontos.

Domingo, dia da criança. 10h. Saio de casa para estar no trabalho às 10h30.

10h25. Entro na primeira rotunda Sul da Expo, a 1min do trabalho. Reparo que a estrada principal da Expo está cheia de gente a correr, em calções e camisolas reflectoras. Corto pela Repsol e atalho caminho por dentro, pelo meio dos prédios.

10h26. Chego ao fim da Rua Pedro e Inês (a 50 metros do meu local de trabalho) e esbarro com uma fila de carros que, por sua vez, tinham esbarrado numa senhora agente da autoridade que impedia a passagem. Para quem não conhece esta rua, imaginem o cenário normal de uma qualquer rua da Expo: numa largura de estrada mínima, conseguem fazer circular o trânsito em dois sentidos e ainda arranjam forma de criar estacionamento nos dois sentidos. Desligo o carro, saio e meto-me no meio da confusão que já estava instalada.

- Isto só neste país!!! Então decidem fazer uma corrida, fecham o trânsito e nem se dignam a avisar as pessoas que o trânsito está impedido??
- Ó xenhôr, mas para onde é que voxê quer ir? (porque é que os agentes da autoridade são sempre importados das Beiras?) Para o Vasco da Gama?? O xenhor anda para tráx (como se fosse possível fazer inversão de marcha ou marcha-a-trás numa rua estreita cheia de carros por todo o lado a buzinar), volta à Repsol, vai ao Baptista Russo, vira… (e continua em modo automático a descrever o caminho)
- E como é que eu tiro a carrinha daqui?? Vocês deviam avisar era antes, não é agora!! E eu não conheço nada disto por aqui!

A gritaria continua entre vários automobilistas e a senhora PSP que, naturalmente, dava sempre as mesmas respostas. Para a coisa ser mais realista, juntem ao cenário da gritaria, a calmaria da corrida que continua a decorrer ali mesmo ao nosso lado. A corrida devia ter sido organizada por uma Univ. da Terceira Idade, ou algum Lar a precisar urgentemente de vagar camas, porque era só velhos a correr com os bofes de fora.

Decidi meter-me na confusão.
- Porque é que não colocaram sinais ou avisos dizendo que não havia trânsito nesta zona? Porque é que deixaram chegar a esta situação tampão, em que os carros tiveram todos que chegar até aqui e agora ninguém consegue sair desta rua?
- Ó menina, o papel da políxia nesta corrida é não deixar paxar ninguém daqui e pronto.
- Não, a polícia devia zelar para que haja ordem na via pública e o trânsito continue sempre a fluir. Se não for por esta estrada, têm que indicar previamente uma alternativa.
- As ordens que tenho xão para ninguém paxar.
- Mas é isso que está mal. O seu papel não devia ser apenas esse.
- A menina volta para trás, chega à Repsol, sobe para o Baptista Russo, vira…
- Mas eu quero ir aqui para o lado. Está a ver ali aquele museu? É ali.
- Ah… (coça a cabeça quando percebe que, de facto, eu não tenho alternativa nenhuma porque a corrida ocupa o único ao acesso ao Museu.) Então, a menina espera um bocadinho que isto também não há-de demorar muito. (e os velhos sempre a surgir no horizonte, de colete reflector vestido e com as línguas caídas já pelo joelho)
- Ok, eu espero, mas então a senhora vai passar-me uma declaração a justificar o meu atraso no trabalho.
- Mas qual declaraxão?! Eu não paxo declaraxão nenhuma!
- Então deixe-me passar.
- Já lhe dixe que não pode!
- Então vai ter que justificar o meu atraso.

A discussão arrasta-se por tempos infinitos até eu sentir o sangue a ferver nas veias. Chega um polícia numa mota com um ar de Rambo e faz um sorrisozinho como quem diz "Ora vamox lá a ver o que é que se paxa aqui..."

- Fazemos axim. Como eu não tenho aqui um avião para pegar em xi e no xeu carro e metê-la no Museu, a menina espera um bocadinho até que a corrida acabe e pronto!
- O senhor está a brincar comigo, não está?
- Não, não tenho aqui nenhum avião, por ixo vai ter que esperar.
- O senhor está mesmo a falar a sério comigo?

Estava. Continuámos neste amável bate-papo até às 11h. Meia horita, coisa pouca. Agora vou entregar a reclamação por escrito na Divisão de Trânsito da PSP e, de caminho, envio uma cópia para a Parque Expo.

Adenda: Eu não queria publicar isto por causa do tamanho gigante do post e por me faltar a capacidade de o resumir. Quando o escrevi, estava no auge da raiva.

5 comments:

xolitos said...

O auge da raiva é "o" momento de criação supremo, assim tipo o Big Bang.

xolitos said...

...pelo menos no que diz respeito a um blog chamado "cambada de animais!" E desde que não se acabe à estalada

Aviso: As pessoas que se enraivecem neste blog são profissionais, não tente enraivecer-se em casa

Anonymous said...

este blog não foi criado para dar voz aos momentos de raiva??

aaaarrrrgggghhhhhh!!!
que inferno :)

ass: justiceiro

Zumbi said...

Por falar nisso, vai voltar a dar o Knight Rider em versão actualizada. Palpita-me que vamos ter material fresquinho para posts.

xolitos said...

Isso é que era, andar de Kitt, não haveria barreiras policiais ou velhotes maratonistas que nos parassem