22 October 2008

Paraísos da ASAE

Meus amigos, isto anda muito morto por aqui. Não me digam que de repente deixaram de se cruzar com animais no vosso dia-a-dia? As estradas deixaram de ter buracos? Os empregados dos pastéis-de-Belém passaram a ser simpáticos? Os profissionais dos Centros de Saúde passaram a ser umas jóias de pessoas, a transpirar competência por todos os poros?

Bom, como nada disto que enumerei é - ou alguma vez será - verdade, proponho um pequeno concurso para animar as hostes: "Paraísos da ASAE por descobrir". Façam as vossas propostas e votem nas propostas dos outros animais. Se não conhecerem os locais em questão, proponho visitas de estudo em autocarro de 52 lugares, em horário pós-laboral.

Como proponente do concurso, deixo a primeira sugestão: o café "A Brasileira" do Centro Comercial do Campo Pequeno. Bem sei que poderia muito bem ser "A Brasileira" original, no Chiado, onde cortam o pão das torradas com a faca que corta as laranjas para o sumo, mas seria pouco original. Toda a gente sabe que aquilo é mau. Só os estrangeiros é que não sabem que a "A Brasileira" não presta.

O lixo (sob a forma de papéis, migalhas, pó, restos de comida e outras manifestações semelhantes) abunda por todo o lado. Nas montras, os tabuleiros onde antes estavam bolos e empadas ostentam agora tristes toalhas de papel, gordurosas, às manchas. O balcão interior é um degredo de louça suja (será lavada?), tupperwares espalhados, tubos que ligam a máquina do café a um pacote de leite aberto e pousado numa prateleira junto ao chão, trilhos de borras de café, panos nojentos e... coisas no geral. Quatro microondas, todos de marcas e feitios diferentes, sujos e empilhados, não deixam ninguém confiante: ia jurar que um deles estava a funcionar com a porta entreaberta. Os azulejos das paredes há muito perderam a cor original (aquele espaço terá o quê? Um ano?). O que vale é que as clássicas prateleiras com as garrafas de álcool desviam a atenção da junta dos azulejos (reparei também que a Amêndoa Amarga era da marca Dia%). O pior de tudo era o buraco passa-pratos: a cozinha parecia palco de uma guerra civil.

Nem sei como consegui comer a torrada e a meia-de-leite. Glup.

2 comments:

xolitos said...

Acho que foi porque estavas distraída com o horror :)

um parvo qualquer said...

Fui hoje à brasileira do Campo Pequeno. Confirma-se e adensa-se: faltou-te o pormenor do cheiro intenso a 'algo'.