30 April 2008

Para a próxima, vai à chapada

No outro dia fui ao cinema. A sala estava quase vazia e eu pensei “Boa, mesmo como eu gosto.”

Porque é que eu falei? Porquê?

As poucas pessoas que estavam a assistir ao filme concentraram-se, naturalmente, nos lugares do centro da sala. Ao fim dos primeiros 10 minutos de escuridão, estava o circo montado. À minha frente, uma senhora descansava os elegantes chispes em cima das costas do banco da frente. Atrás de mim, um senhor (que devia ser arraçado de polvo) insistia em mudar de posição de 5 em 5 minutos e, na movimentação de pernas, pontapeava sempre a minha cadeira. Ao meu lado, intercalado com dois lugares vazios, um jovem casal comentava todos os movimentos e todas as falas e todos os objectos e todas as coisas que, em geral, apareciam no ecrã. Pelo meio, ainda faziam prognósticos sobre as personagens e a história.
Ao fim de quase uma hora nisto perdi as estribeiras. Pensei, é agora, vou mudar de lugar. Com a fúria a cegar-me, decidi atalhar a tarefa e debrucei-me por cima das cadeiras vazias, enchi os pulmões e gritei bem alto “Importam-se de fazer os vossos comentários um nadinha mais baixo?” A rapariga deu um salto tão grande que todas cabeças se viraram na minha direcção, mas não as censuro, porque eu própria me assustei com o volume da minha voz. Foi remédio santo. Não houve mais pontapés nem comentários inteligentes até ao fim do filme.

3 comments:

crazysunday said...

Nininho, é o máximo a tua descrição!!!!
É que já vivi essa situação algumas vezes e as pessoas são mesmo assim -sem pôr nem tirar- que nojo!!!!
Receio bem que não cheguemos a lado nenhum.E é pena porque somos tão poucos e isto continua um circo.

xolitos said...

Eu acho que a chapada no espectador estúpido de cinema devia ser desporto olímpico e estou preparado para me bater por este objectivo com todas as forças e meios ao meu alcance

Anonymous said...

Eu alinho nesse desporto!!!!